Coisa que gosto de fazer quando ando pelo
Cerrado, de preferência montando a minha mulinha Magia, é observar suas árvores. Costumam ser tortas, retorcidas, galhudas,
crespas, de troncos sinuosos, cascas grossas. São assanhadas, de um jeito
largado como quem acabou de acordar ou como quem passa o dia na lida debaixo de
um Sol escaldante.
A vegetação do Cerrado é assim, bem
semelhante à da savana. Catalogadas, quase 12 mil espécies de plantas, distribuídas em cerca de 1400 gêneros e 170 famílias.
Paisagem que pesquei entre Pirenópolis e Brasília |
Lembrando que o Cerrado é o
segundo maior bioma brasileiro e já se estendeu por uma área de cerca de 2
milhões de km², que por intervenção humana no ecossistema e descaso com a
natureza, são hoje, dizem pesquisas recentes e eu acredito, aproximadamente só 800 mil km². Abrange os estados da região
Centro-Oeste do Brasil: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal,
além do sul do Pará e Maranhão, interior de Tocantins, oeste da Bahia e Minhas
Gerais e norte de São Paulo.
Foto que tirei na época seca ano passado |
As árvores do Cerrado tem seus caules retorcidos e raízes mais longas (que
podem chegar a 10, 15 ou até 20 metros de profundidade) justamente para que seja possível a absorção da água disponível nos solos do cerrado. Assim, mesmo
durante a estação seca do inverno que, na maioria da vezes, costuma ser
rigorosa, as raízes dessas árvores podem alcançar camadas de solo
permanentemente úmidas. Natureza é sábia, minha gente!
Pé de Pequi majestoso na entrada da roça - para mim, o retrato do Cerrado toRto e casca grossa |
Não pretendo criar aqui nenhuma
enciclopédia ou catálogo das espécies de árvores do Cerrado, mesmo porque num sou
entendida para isso. Entendo só de ver, achar bonito, apreciar, pesquisar "quaRqué" coisa a
respeito. Assim, as fotos desse post são apenas algumas das árvores que esbarro por aqui quase
que diariamente, o que, por si só, já é um privilégio. Algumas fotos são do meu
arquivo 'pescadas' por aqui, por acolá, outras busquei na net.
De acordo com o mestre em botânica e pesquisador científico Eduardo Luís Catharino, a casca amarga do Angico pode ser antidesintérica e útil na cura de úlceras. É
expectorante energético e com várias aplicações medicinais.
Uma enciclopédia livre diz que o fruto do jatobá é um legume de casca bastante dura. Cada legume costuma ter duas sementes e é preenchido por um pó amarelado de forte cheiro, comestível, com grande concentração de ferro, indicado para anemias crônicas. Doces feitos com esta farinha eram muito comuns até o século XIX. Sua madeira é empregada na construção civil em vigas, caibros, ripas, acabamentos internos, etc.
Uma enciclopédia livre diz que o fruto do jatobá é um legume de casca bastante dura. Cada legume costuma ter duas sementes e é preenchido por um pó amarelado de forte cheiro, comestível, com grande concentração de ferro, indicado para anemias crônicas. Doces feitos com esta farinha eram muito comuns até o século XIX. Sua madeira é empregada na construção civil em vigas, caibros, ripas, acabamentos internos, etc.
Te cuida, Jatobá! |
Buriti - na língua indígena: árvore da vida
Da cagaita posso falar que é um fruto saborosíssimo, azedo e doce, de dar água na boca, rico em vitamina C e é antioxidante. Só recomendo não abusar pois é uma fruta que faz jus ao nome, principalmente se estiver quente, ao Sol. Não preciso desenhar, né? Agora, o engraçado é que suas folhas tem efeito contrário preparadas em infusão. "IncríveR"! O picolé ou sorvete é delicioso e podem ser encontrados em sorveterias com sabores do Cerrado. Recomendo.
Essa fruta araticum é consumida principalmente in natura, mas sua polpa serve como ingrediente para sucos e refrescos. In natura confesso que não gosto muito. O sabor é muito forte e exótico pro meu paladar, mas conheço meio mundo de gente que adora.
Araticum
O que falar da mangaba? Pra começar, a palavra mangaba é de origem indígena e significa coisa boa de comer. Quando era de menor, 'causidiquê' pequena nunca fui, mainha fazia suco de mangaba. Penso que melhor não existe, não. Para controle de diabetes, colesterol e hipertensão, recomenda-se o chá da casca para ser tomado de 2 a 3 vezes ao dia: 2 colheres de sopa (da casca) para meio litro de água. Deixe cozinhar por 8 -
10 minutos a partir do momento em que se inicia a ebulição, após esse tempo,
retire do fogo e deixe repousando, tampada, por 10 minutos. Coe e está pronto
para o uso. Pode-se beber gelado.
Mangaba - pense num suco 'bão'
Pequi
Do pequi, sou suspeita pra falar - simplesmente sou capaz de roer uns 100 numa sentada só. Exageros à parte, essa fruta-símbolo do Cerrado brasileiro é figura certa na culinária goiana e mineira - aparece misturada no arroz, no frango e, dizem, até no pão de queijo. Tem sido pesquisada e deve ser colocada à venda, se já não o foram, cápsulas de óleo de pequi como um nutracêutico – produto nutricional com substâncias terapêuticas.
a fruta é grande, de casca verde e grossa, polpa amarela e caroço cheio de espinhos |
I love pequi 'to much' no arroz, no frango ... Só não dá pra roer o caroço |
A polpa da murici pode ser utilizada na preparação de sucos, sorvetes, vinhos e licores. Uma curiosidade: alguns pesquisadores acreditam que o murici foi a fruta encontrada na Bahia pelo padre viajante Gabriel Soares de Sousa na metade do século 16. Em sua descrição, informa que se tratava de árvore pequena e muito seca que, nascendo em terras fracas, fornecia frutas amarelas e moles, menores do que as cerejas, comestíveis e de sabor e cheiro semelhantes aos do "queijo de Alentejo".
Tem um 'bocadim' logo ali embaixo aqui na roça.
Murici é uma fruteira arbustiva |
murici-rosa - esse é mais 'bonitim' |
Taí ela entre meus dedos de tão pequena - a amarela mama-cadela |
Já falei das minhas acerolas? Pois é, tem também |
O ipê é muito utilizado em projetos de paisagismo. Sabe-se que, quanto mais intenso e seco o inverno, posteriormente, na primavera, mais intensa será a quantidade das flores nos galhos.
Ipê amarelo - o mais comum deles - a cor dourada do Brasil |
Ipê branco |
Ipê roxo |
A peroba do campo tem casca amarga e é tida na medicina popular como tônica. A madeira, dura e resistente, é usada na construção civil. Nem preciso mencionar a ameaça que sofre, né?
Pé de Baru plantado no ínício do ano |
castanha do baru |
Quando crescer vai ficar assim |
Não posso esquecer de mencionar o pau-terra - Esse se encontra facilmente por todo o Cerrado e aqui na roça não poderia ser diferente. Tem suas cascas, entrecascas e folhas usadas como adstringente, anti-diarréico e para limpeza de úlceras externas e também contra inflamações. Abaixo, a foto de um que foi atingido por um raio essa semana e, pelo que sei, logo secará até morrer, infelizmente ...
Pode-se ver a ferida causada pelo raio ... |
Aqui na roça, um velho carro de boi descansa embaixo de um pau-terra. À esquerda, mais um pé de pequi \o/ |
E por aí vai ...
Pra terminar, uma musica em cima de madeira - Bem leve (Marisa Monte)
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