sexta-feira, 14 de junho de 2013

As "latas velhas" do meu amigo Kênio

             Conheci o Kênio no colegial. Ele dirigia um velho fusca branco no qual, da roça, iam ele e todos os irmãos estudar na cidade. Fazia parte da ala dos rapazes mais velhos e mais lindos do colégio e as meninas mais lindas e mais populares ele namorou, menos eu “causidiquê” preferia seu irmão mais novo na época (risos altos). Lembro-me bem do quanto ele era divertido e bom de prosa e péssimo em matemática.
Se esse Fusca falasse ...
Kênio (Menudo) e seus cinco irmãos. O escondidinho ali atrás era o meu amor platônico
            O tempo passou, perdi contato com quase todos, se não todos, aqueles colegas de infância e só vim lhe reencontrar um bom tempo depois, em 2003, quando fui apresentada à sua família por um primo seu (dele), que morava em Goiânia, com que eu estava namorando e com quem hoje sou casada (o famoso e felizardo Dono da Roça). Vejam só vocês as peripécias e/ou presepadas dessa vida!

Quando lhe vi (o Kênio), quase caí para trás – nada daquele cara bonitão, bem cuidado, cheiroso, sorriso farto e cheio de dente, etc e tal das minhas lembranças ... Casou-se (a priori, porque engravidou a moça, pelo que me contaram), teve filhos (três) e tem uma neta. Se acidentou, ficou quase aleijado (é meio manco até hoje e penso que por isso requereu aposentadoria tão jovem na época, pelo que sei, quarenta e poucos anos), não bebe mais (mas já bebeu MUITO), mas fuma (muito), perdeu os dentes ... Enfim, só vendo para crer como e no quê meu amigo galã de cinema se transformou. Eis, digo, ei-lo ...
E eu perguntei: -"Kênio, mofi, o que aconteceu c'ocê?" Ele apenas me sorriu ...
Assim, de perfil, lembra aquele ator de Hollywooooooood. Aquele ... é ... Ah, aquele.
           Mais vale um sorriso amarelo que a tristeza de ser um banguela? Pode ser. A vida não lhe foi muito generosa? Talvez. Culpa só dele? Num sei. Espero que ele não se zangue comigo por causa de minhas observações caso, evidentemente, a inscrição feita no Lata Velha seja escolhida e divulgada pelo Caldeirão do Huck. Aliás, eu já deveria ter inscrito há tempos. Mas, enfim, como pra tudo há um tempo debaixo do Sol e enquanto houver vida há esperança, fui e fiz a inscrição dele pelo site do programa: http://tvg.globo.com/programas/caldeirao-do-huck/

           Ele dirige, hoje, um Scort 1985, caído aos pedaços, estado de conservação só Deus na causa e/ou o Lata Velha do Caldeirão do Huck (como pode se ver nas fotos abaixo). Nele, ele faz o transporte da família, bem como de todos os “trem” da roça que colhe (hortifrutigranjeiros) pra vender na feira do “arraiaR vizim”, onde tem uma humilde banca.

de ladim
De frente
de banda
"discosta"
Kênio - bem ali, depois da porteira no final da curva da estrada


Tia Aurora e o saudoso tio Zé

Conversando com sua mãe, Dona Aurora (já falei dela num outro post, a quem também chamo carinhosamente de "tia"), viúva do Seu Zé (pai de toda a prole), ela me contou que tem um outro carro na família, inclusive, com muito mais histórias. Reza a lenda que o filho mais velho do Kênio, por exemplo, foi feito nele. Trata-se de um Chevrolet C10, 73, amarelo. Esse carro, apelidado de "lacraia amarela", até lhe seria mais útil na lida do dia a dia da roça para a feira na cidade, mas faz parte do espólio da família e, embora haja a intenção, seus irmãos não assinaram um documento abrindo mão dos direitos em favor do Kênio. Então, achei por bem escrever pro Lata Velha sugerindo uma repaginada no velho e bom Ford ScoRt mesmo.

Não fala, não anda, é surda e muda, mas o que tem de história essa "Lacraia" ...

Ó a situação, misericórdia!

"SafadEnho"
Bom, depois de tudo dito e exposto, penso que num preciso nem dizer que, seja qual for dessas 'latas velhas' a contemplada, nunca antes em toda a história do Lata Velha existiu uma lata velha tão precisada do Lata Velha quanto uma dessas latas velhas.

Kênio, mulher e filhos
Assim, vem, gente, Luciano e cia! O Kênio e sua família esperam vocês com um café coado e passado na hora e um bolinho de fubá de lamber os beiços pedindo bis.
 

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