As árvores do Cerrado são tortas como alguns caminhos e tem a casca grossa, na sua maioria, para suportar as queimadas na seca e outras coisitas do dia a dia. As árvores do Cerrado são lindas sejam verdes ou sejam cinzas. Essa daí é daqui, escora outra, dá pequi e deu inté cupim ... #AkiNaRoçaÉAssim
E por falar em pequi, estamos em plena temporada de. Já postei há um tempo uma receita desse fruto saboroso e afrodisíaco característico do nosso Cerrado: o arroz com pequi. Hoje vou de "frango caipira com pequi". Mas tem que ser um frango caipira "pirapora" messsssssmo porque só esse frango é que é 'bão' de verdade "bsoluta" e verdadeira (rs).
O Dono da Roça é quem escolhe, pega e ... (snif)
Pois bem, anotem aí os ingredientes:
- 1 frango caipira "inteirim" "limpim" e aos pedaços; - Pequi - uns 20 (rs) - óleo de canola para refogar (2 a 4 colheres); - 1 cebola grande e picada; - 5 dentes de alho amassados; - pimenta de cheiro (a gosto); - pimenta moída (1/2 colher); - açafrão (1/2 colher); - cheiro verde e cebolinha - sal a gosto; - água para cozimento.
Preparo:
Coloque o oleo em uma panela grande, acrescente o frango temperado no sal, na pimenta moída e no açafrão e refogue-o até que fique dourado. Vá acrescentando a cebola, o alho, a pimenta de cheiro. Coloque o pequi doure mais um pouco. Daí, coloque água (1/2 litro mais ou menos), cozinhe até que a carne do frango fique macia. Depois de pronto, coloque o cheiro verde e sirva-se primeiro que todo mundo "causidiquÊ" se for "adespois" num vai sobrar nem um "tiquim". Inté!
Coisa corriqueira depois que vim morar mais na roça que na cidade é me
aventurar na cozinha fazendo algo típico da gastronomia, digamos assim,
“roceira”. O pequi é comum por essa época aqui. Então, já fui à exaustão:
arroz com pequi, frango caipira com pequi, pequi com carne moída, pequi purim
... Enchi! Nos doces: arroz doce, bolos de fubá, mandioca ... , a goiabada em calda, a bananada,
pudim de pão caramelado e outros “ados” ...
A gente vai tomando gosto e querendo aprender a fazer coisas mais
rebuscadas e difíceis para no fim das contas ouvir um: muito bem! Tá
aprendendo, hein? Bem-vinda à roça! Evidentemente, que nem sempre a gente
acerta e, aí, é zoação. Devo aqui confessar que erro muuuuuuito. Mas faz paRte, afinal, como costumo dizer, quem não se
joga não aprende a voaR nem a meRgulhar.
Assim, dia desses, inventei de fazer uma rabada ao vinho tinto. Marrapá,
respeite que a ‘bicha’ ficou boa, viu!
'Reza a lenda' que é um prato típico da culinária européia. Depois das touradas, na Espanha, fazia-se um cozido do rabo do boi morto na arena. Em Portugal é mais comum a sopa do rabo do boi. Na Inglaterra é"oxtail soup" que, pelo nome, também é sopa. No Brasil impera o guisado e o hábito de se comer rabada surgiu primeiramente nas áreas de criação de gado primeiramente no Nordeste - Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e, também, no Piauí. O fato é que caiu no gosto popular e no Brasil a rabada já não existe sem o angú e o agrião.
E como o que é ‘bão’ a gente
compartilha, segue a receita do trem:
Ingredientes:
- 1 rabo de boi (mais ou menos 1 kg, 1,5 kg);
- azeite para refogar(vai aí uns 150 ml);
- farinha de trigo peneirada (mais ou menos 1 xícara);
- cebola (umas duas de médias para grandes);
- alho (no mínimo uma cabeça grande);
- 3 a 4 tomates;
- alecrim (uma porçãozinha);
- coentro e cebolinha (bem picadinhos);
- pimentão;
- agrião (nessa receita via pra decorar o prato);
- 1 vinho tinto seco (daquele que cabe no seu bolso);
- 1 cálice de cachaça (para misturar à água que vai aferventar o rabo);
- sal e pimenta a gosto.
Modo de fazer:
1º passo: aferventar o rabo (em água que dê para cobrir todo o rabo junto com um
cálice de vinho) pra tirar o excesso de gordura e, assim, dar uma limpada
melhor.
2º passo: depois de escoar, tempere com sal e pimenta moída na hora.
Passe na farinha de trigo e refogue no azeite (já na panela de pressão).
3º passo: vá juntando os demais temperos no refogado: cebola, alho,
tomate, alecrim, coentro e cebolinha.
4º passo: acrescente o litro de vinho e tampe a panela de pressão. Daí,
é deixar cozinhar por uns 40 minutos (o trem é duro).
Para acompanhar, fiz uma polenta ao leite que é muito mais macia, mas muito mesmo, que a polenta convencional. Fiz assim meio no olho sem muita medição:
- 2 copos de fubá pré-cozido ou preparado para polenta; - 1 cubo e meio de caldo de carne industrializado dissolvidos num pouco de água
quente;
- 4 copos de leite;
- 1 colher, das de sopa, bem cheia de manteiga ou azeite.
Se você gosta da polenta mais lisinha e mole, aumente os líquidos ou diminua o fubá.
Coloque o caldo e o leite em uma panela alta e espere ferver. Vá acrescentando a
manteiga e, assim que ela derreter, junte o fubá aos poucos e mexa bem com um
batedor de arame de preferência para não empelotar. Mexa
até o creme engrossar e começar a desgrudar do fundo da panela
(uns 30 minutos).
Desligue o fogo, claro (dã).
Essa é a de um "chef"
Na hora de servir, cubra o fundo de um prato com a polenta e coloque uma bela
porção de rabada por cima, caprichando no molho de vinho... Decore com folhinhas
de agrião, se tiver; eu não tinha. (Putz! Como fez falta na decoração do prato ...). Aliás, não usei batatas também, mas essas podem ser adicionadas ao guisado quando ele estiver pronto e cozinhar um pouco para não despedaçar ou, ainda fazê-las à parte com agrião. Bom, acho que é isso. Seja feliz!
Foi assim que ficou o meu
Se ocê olhaR bem lá no fundo do molho no prato vai encontraR um veRde musgo (rs)
- Quando eu
era menino, isso aqui, para onde quer que se olhe, era um bando após outro em revoada. Parecia uma sinfonia de
pássaros. Diz o dono da roça toda vez que a gente pega a tropa para explorar o
Cerrado nos arredores.
Imagino mesmo
que devia ser desse jeito. E olha que nem faz tanto tempo assim.Estão se extinguindo por toda a parte mesmo. Não
vou dizer que não tenha ainda uma grande quantidade e variedade de pássaros aqui
na roça, pras bandas desse Cerrado goiano. Não! Até que é comum ainda acordamos
com o canto das seriemas, por exemplo, bem-te-vis, pintassilgos, mas, de fato,
a gente não consegue, na maioria das vezes, enxergá-los. E como alegram a nossa
vida!
Bem que tento
fotografar alguns, como os pica-paus, mas ainda não me deram o privilégio de posar
pra minha lente. É uma pena! Consegui fotografar certa vez essa ararinha da
foto e alguns tucanos.
Algo,
inclusive, que invejo é ver alguém ouvir um canto de um pássaro e saber
distinguir na hora qual é ele ou, ainda e mais ainda, saber imitar seu canto.
Isso é o máximo!
Os pássaros
mais comuns no Cerrado goiano são: Tico-tico-rei-cinza, Gavião-carijó (esse adora comer meus pintinhos),
Bentevizinho-de-penacho-vermelho, Tesoura-do-brejo, Beija-flor-tesoura,
Quiriquiri, Pássaro-preto, Savi e Sanhaçu-cinzento, entre outros, claro.
Alma-de-gato (Crocoió)
Bentevizinho-de-penacho-vermelho
Tico-tico-rei-cinza
Sovi
Pássaro-preto
Quem já me leu sabe que, além de escrevinhar vez por outra nesse “humiRde”blog, também gosto de compor umas modas e cantar sobre a vida na roça e outras aventuranças. Segue uma que fiz em parceria com painho (Esmeraldo Mendes Braga) com o tema aqui, acolá, recorrente: os passarinhos.
Lembrando a máxima de um clássico: no peito do desafinado também bate um coração, segue a canção Asas na voz e violão da roceira desafinada, mas apaixonada aqui. Inté!
As frutas cítricas, de uma maneira geral, são ricas
em vitamina C e fibras. A laranja é uma dessas que, também, além do alto teor
de água, tem baixo teor calórico, é rica em ácido fólico, potássio e magnésio.
O bagaço?
Pois bem, nele está a pectina, que diminui a assimilação de gorduras, combate
doenças e, o que é melhor, tem zero de caloria. A parte branca entre os gomos
de uma laranja pode ser até mais preciosa que o sumo. Também contém pectina,
uma fibra solúvel que, no intestino, vira uma espécie de gel que emagrece e faz
bem para a saúde. É assim: quando o tal gel se forma, é capaz de diminuir a
assimilação de açúcares e gorduras e também impedir a reabsorção do colesterol.
Mais: além de ajudar a combater a taxa de LDL (colesterol ruim), a pectina é
benéfica até para quem tem diabete, já que controla a taxa de glicose no
sangue. O bagaço é, assim, ótimo para as paredes do intestino, pois desintoxica.
Por isso, cada vez que comemos o bagaço da laranja estamos
aproveitando o que há de
melhor na fruta. A fibra encontrada nele é uma espécie de ‘detergente’ para o organismo, já que
promove uma eficiente varredura retirando metais e toxinas (provenientes tanto
de frutas e verduras com agrotóxicos como de poluentes) indesejáveis no corpo.
O bagaço ainda ajuda na digestão dos alimentos gordurosos, favorecendo o
trabalho dos intestinos grosso e delgado. Então, será por isso que a laranja
sempre acompanha feijoadas e churrascos? Exatamente!
Da laranja se aproveita é TUDO! A casca? A casca da
laranja (descascada sem a parte branca e seca naturalmente) pode ser utilizada
para condimentar biscoitos, bolos e fazer chá. A parte branca deve ser ingerida
comendo-a junto com a fruta pois também tem fibras e ajuda a absorver melhor a
vitamina C da fruta. As sementes você separa e planta nos canteiros ou no seu
jardim ou no fundo do seu quintal ou no seu sítio ou na sua roça. Plante!
Descolei uma receita maravilhosa de um bolo feito com o bagaço da laranja. Seguem a receita e o modo de prepara-la:
Ingredientes:
- 3 ovos;
- 1 xícara de chá de óleo;
- 1 xícara de chá de açúcar;
- 2 xícaras de farinha de trigo;
- 1 colher de sopa de fermento em pó;
- 1 laranja inteira, INTEIRA, picada com casca e bagaço (só sem as sementes).
Modo de preparo:
Bata no liquidificador a laranja, os ovos, o óleo e o açúcar. Numa tigela, misture o fermento à farinha e, daí, misture todo o conteúdo do liquidificador mexendo cuidadosamente e sem bater. Coloque tudo numa forma untada e devidamente enfarinhada e leve ao forno preaquecido para assar por, mais ou menos, 30 minutos. Pronto!
Então, 'mofi', se lhe sobrar apenas o bagaço da laranja,
não vá chorar nem ranger os dentes. Agradeça e aprenda a fazer bom uso desse
para se fortalecer, ficar saudável, magro(a) e lindo(a).
Por isso que gosto da roça, respiro roça e canto a roça como quem canta sua aldeia: ela até pode não ter tudo, mas tem, além de laranja, tudo que gosto e preciso, só que muito mais. Apenas não me confoRmo
de ter desprezado a laranja na canção abaixo. Snif!
Dança típica da Região Nordeste
do nosso país e especialmente apreciada nas festas juninas, o forró é uma
espécie de associação de vários ritmos, como quadrilha, xote, baião, xaxado,
tocados tradicionalmente pelo trio: sanfona, zabumba e triângulo. Esse forró se
tornou um fenômeno popular devido às canções na voz de Luiz Gonzaga, o
Gonzagão (que até hoje é reverenciado), na década de 50, e, não podemos
esquecer, por conta também da imigração de inúmeros nordestinos para diversas regiões
do país.
Quanto à expressão – forró – não
há consenso. Há quem diga que vem do inglês “for all” (para todos), o que é
facilmente descartado pela história, e há quem defenda de forma substancial, como
o filólogo pernambucano Evanildo
Bechara, que é uma variante do antigo galego-portuguêsforbodó, relacionando o
termo a farbodão, do francês faux-bourdon. E por aí vai.
Sem entrar no mérito dessa
questão nem ir muito além do forró tradicional, o chamado pé-de-serra (meu
preferido), a temporada de forró está aberta Brasil afora que, geralmente, vai
do mês de junho a meados do mês de agosto. E, claro, que tanto aqui na roça,
como nas roças e arraiais vizinhos, povão se junta com frequência para os
arrasta-pés, bate-chinelas, fobós, forrobodós, quadrilhas.
Segue aí a letra e o vídeo de um forrozim dos bão pr’ocês
de autoria da “humiRde” compositora aqui. “Óia a cobra! É mentira, Zé.”
NA COR BRASIL
HOJE QUERO DANÇAR
FORRÓ À LUZ DO CANDEEIRO
ALUMIA AQUI, ALUMIA
ALI, ALUMIA ESSE TERREIRO
DEIXA A POEIRA SUBIR
E SUOR NA PELE É TEMPERO
QUERO UM SANFONEIRO
MULATO
UM ZABUMBISTA BRANCO,
UM PANDEIRISTA CAFUSADO
NO RITMO BRASILEIRO:
QUADRILHA, XOTE, BAIÃO, XAXADO
O mexerico também existe na roça.
Opa, e como! Mas, graças a Deus, na sua maioria (o que quer dizer nem sempre),
não são fuxicos do tipo incendiar uma plantação.
Soubemos, por exemplo, que na
roça vizinha (uns dois quilômetros pra baixo daqui) Fulano foi demitido por causa de Siclana
que negou um pé de coentro para Beltrano. Vale explicar que Beltrano é patrão
de Fulano que, por sua vez, é casado, junto, amigado, com Siclana.
Daí, que eu
digo: à frente de um fulano quaRqué tem sempre uma siclana que mal lhe queR.
Ah, quem nos contou foi o próprio Fulano a chorar sem saber o que fazer com a
escadinha de pequenos (penca de cinco) de bocas abertas a lhe esperar em casa. É, a vida seria mais fácil se num fosse difícil.
Moral da estória: não vá
dormir com o inimigo(a) que ocê vai se dar mal. Batata!
E por falar em batata, segue uma receita muito apreciada aqui na roça, mais por mim, evidentemente, por ser fácil, rápida e muito econômica - "batata gratinada".
Ingredientes:
1 kg de batatas em rodelas grossas cozidas al dente com sal
1 caixinha de creme de leite
100 g de mussarela picada
Orégano e queijo ralado a gosto
Modo de fazer:
Coloque em um refratário untado as batatas, a mussarela, o creme de leite, o orégano e o queijo ralado. Leve para gratinar por 20 a 30 minutos. Pronto!
Conheci o
Kênio no colegial. Ele
dirigia um velho fusca branco no qual, da roça, iam ele e todos os irmãos
estudar na cidade. Fazia parte da ala dos rapazes mais velhos e mais lindos do
colégio e as meninas mais lindas e mais populares ele namorou, menos eu
“causidiquê” preferia seu irmão mais novo na época (risos altos). Lembro-me bem do
quanto ele era divertido e bom de prosa e péssimo em matemática.
Se esse Fusca falasse ...
Kênio (Menudo) e seus cinco irmãos. O escondidinho ali atrás era o meu amor platônico
O tempo
passou, perdi contato com quase todos, se não todos, aqueles colegas de
infância e só vim lhe reencontrar um bom tempo depois, em 2003, quando fui
apresentada à sua família por um primo seu (dele), que morava em Goiânia, com que
eu estava namorando e com quem hoje sou casada (o famoso e felizardo Dono da Roça). Vejam só vocês as peripécias e/ou
presepadas dessa vida!
Quando lhe vi
(o Kênio), quase caí para trás – nada daquele cara bonitão, bem cuidado,
cheiroso, sorriso farto e cheio de dente, etc e tal das minhas lembranças ... Casou-se
(a priori, porque engravidou a moça, pelo que me contaram), teve filhos (três) e tem uma
neta. Se acidentou, ficou quase aleijado (é meio manco até hoje e penso que por
isso requereu aposentadoria tão jovem na época, pelo que sei, quarenta e poucos
anos), não bebe mais (mas já bebeu MUITO), mas fuma (muito), perdeu os dentes
... Enfim, só vendo para crer como e no quê meu amigo galã de cinema se
transformou. Eis, digo, ei-lo ...
E eu perguntei: -"Kênio, mofi, o que aconteceu c'ocê?" Ele apenas me sorriu ...
Assim, de perfil, lembra aquele ator de Hollywooooooood. Aquele ... é ... Ah, aquele.
Mais vale um sorriso amarelo que a tristeza de ser um banguela? Pode ser. A vida não lhe
foi muito generosa? Talvez. Culpa só dele? Num sei. Espero que ele não se
zangue comigo por causa de minhas observações caso, evidentemente, a inscrição feita no Lata Velha seja escolhida e divulgada pelo Caldeirão do Huck. Aliás, eu já deveria ter inscrito há tempos. Mas, enfim, como pra tudo há um
tempo debaixo do Sol e enquanto houver vida há esperança, fui e fiz a inscrição dele pelo site do programa: http://tvg.globo.com/programas/caldeirao-do-huck/
Ele dirige, hoje, um
Scort 1985, caído aos pedaços, estado de conservação só Deus
na causa e/ou o Lata Velha do Caldeirão do Huck (como pode se ver nas fotos abaixo). Nele, ele faz o transporte
da família, bem como de todos os “trem” da roça que colhe (hortifrutigranjeiros)
pra vender na feira do “arraiaR vizim”, onde tem uma
humilde banca.
de ladim
De frente
de banda
"discosta"
Kênio - bem ali, depois da porteira no final da curva da estrada
Tia Aurora e o saudoso tio Zé
Conversando
com sua mãe, Dona Aurora (já falei dela num outro post, a quem também chamo carinhosamente de "tia"), viúva do Seu Zé (pai de toda a prole), ela me contou que tem um outro
carro na família, inclusive, com muito mais histórias. Reza a lenda que o filho mais velho do
Kênio, por exemplo, foi feito nele. Trata-se de um Chevrolet C10, 73, amarelo. Esse carro, apelidado de "lacraia amarela", até lhe seria mais útil na lida do dia a
dia da roça para a feira na cidade, mas faz
parte do espólio da família e, embora haja a intenção, seus irmãos não assinaram um documento abrindo mão dos direitos em favor do Kênio. Então, achei por bem escrever pro Lata Velha sugerindo uma repaginada no velho e bom Ford ScoRt mesmo.
Não fala, não anda, é surda e muda, mas o que tem de história essa "Lacraia" ...
Ó a situação, misericórdia!
"SafadEnho"
Bom, depois de tudo dito e exposto, penso que num preciso nem dizer que, seja qual for dessas 'latas velhas' a contemplada, nunca antes em toda a história do Lata Velha existiu uma lata velha tão precisada do Lata Velha quanto uma dessas latas velhas.
Kênio, mulher e filhos
Assim, vem, gente, Luciano e cia! O Kênio e sua família esperam vocês com um café coado e passado na hora e um bolinho de fubá de lamber os beiços pedindo bis.
Havia cartas de amor. Pedidos em casamento ao pai da moça.
Tinha serenatas quando a noite já ia alta. Moda de viola
legítima, mora?
Existiam beijos guardados em desejos secretos para talvez,
quem sabe, algum dia.
Mãos em suor, rubor, olhares que se namoravam na sala.
Havia! Tinha! Existia!
Eu mesma encontrei guardadas duas
cartas – uma: um pedido; outra: uma resposta.
Coisa mais linda e rara de se ver, digo, não se vê mais
agora.
Um Jorge pede em namoro uma Regina ao seu pai, Sr.
Sebastião.
Seguem aí as cartas graças à tecnologia. Bão!
O pedido
A resposta
Nenhum dos dois, ou melhor, dos três, estão mais aqui, mas sabe-se que se casaram (os dois: Jorge e regina), tiveram três filhos que já tem filhos e, esses, outros filhos ... E por aí vai.
Coisa que gosto de fazer quando ando pelo
Cerrado, de preferência montando a minha mulinha Magia, é observar suas árvores. Costumam ser tortas, retorcidas, galhudas,
crespas, de troncos sinuosos, cascas grossas. São assanhadas, de um jeito
largado como quem acabou de acordar ou como quem passa o dia na lida debaixo de
um Sol escaldante.
fim do dia aqui na roça
A vegetação do Cerrado é assim, bem
semelhante à da savana. Catalogadas, quase 12 mil espécies de plantas, distribuídas em cerca de 1400 gêneros e 170 famílias.
Paisagem que pesquei entre Pirenópolis e Brasília
Lembrando que o Cerrado é o
segundo maior bioma brasileiro e já se estendeu por uma área de cerca de 2
milhões de km², que por intervenção humana no ecossistema e descaso com a
natureza, são hoje, dizem pesquisas recentes e eu acredito, aproximadamente só 800 mil km². Abrange os estados da região
Centro-Oeste do Brasil: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal,
além do sul do Pará e Maranhão, interior de Tocantins, oeste da Bahia e Minhas
Gerais e norte de São Paulo.
Foto que tirei na época seca ano passado
As árvores do Cerrado tem seus caules retorcidos e raízes mais longas (que
podem chegar a 10, 15 ou até 20 metros de profundidade)justamente para que seja possívela absorção da águadisponível nos solos do cerrado. Assim,mesmo
durante a estação seca do inverno que, na maioria da vezes, costuma ser
rigorosa, as raízes dessas árvores podem alcançar camadas de solo
permanentemente úmidas. Natureza é sábia, minha gente!
Pé de Pequi majestoso na entrada da roça - para mim, o retrato do Cerrado toRto e casca grossa
Não pretendo criar aqui nenhuma
enciclopédia ou catálogo das espécies de árvores do Cerrado, mesmo porque num sou
entendida para isso. Entendo só de ver, achar bonito, apreciar, pesquisar "quaRqué" coisa a
respeito. Assim, as fotos desse post são apenas algumas das árvores que esbarro por aqui quase
que diariamente, o que, por si só, já é um privilégio. Algumas fotos são do meu
arquivo 'pescadas' por aqui, por acolá, outras busquei na net.
Angico gigante aqui da roça - madeira nobre
De acordo com o mestre em botânica e pesquisador científico Eduardo Luís Catharino, a casca amarga do Angico pode ser antidesintérica e útil na cura de úlceras. É
expectorante energético e com várias aplicações medicinais.
Uma enciclopédia livre diz que o fruto do jatobá é um legume de casca bastante dura. Cada legume costuma ter duas sementes e é preenchido por um pó amarelado de forte cheiro, comestível, com grande concentração de ferro, indicado para anemias crônicas. Doces feitos com esta farinha eram muito comuns até o século XIX. Sua madeira é empregada na construção civil em vigas, caibros, ripas, acabamentos internos, etc.
Te cuida, Jatobá!
Jatobá - árvore com frutos duros
O buriti é considerado uma das palmeiras mais importantes. Além de ser muito ornamental, a polpa do fruto fornece óleo comestível e é consumida pelas populações locais, geralmente na forma de doces.
Buriti - na língua indígena: árvore da vida
Da cagaita posso falar que é um fruto saborosíssimo, azedo e doce, de dar água na boca, rico em vitamina C e é antioxidante. Só recomendo não abusar pois é uma fruta que faz jus ao nome, principalmente se estiver quente, ao Sol. Não preciso desenhar, né? Agora, o engraçado é que suas folhas tem efeito contrário preparadas em infusão. "IncríveR"! O picolé ou sorvete é delicioso e podem ser encontrados em sorveterias com sabores do Cerrado. Recomendo.
Essa fruta araticum é consumida principalmente in natura, mas sua polpa serve como ingrediente para sucos e refrescos. In natura confesso que não gosto muito. O sabor é muito forte e exótico pro meu paladar, mas conheço meio mundo de gente que adora.
Araticum
O que falar da mangaba? Pra começar, a palavra mangaba é de origem indígena e significa coisa boa de comer. Quando era de menor, 'causidiquê' pequena nunca fui, mainha fazia suco de mangaba. Penso que melhor não existe, não. Para controle de diabetes, colesterol e hipertensão, recomenda-se o chá da casca para ser tomado de 2 a 3 vezes ao dia: 2 colheres de sopa (da casca) para meio litro de água. Deixe cozinhar por 8 -
10 minutos a partir do momento em que se inicia a ebulição, após esse tempo,
retire do fogo e deixe repousando, tampada, por 10 minutos. Coe e está pronto
para o uso. Pode-se beber gelado.
Mangaba - pense num suco 'bão'
Pequi
Do pequi, sou suspeita pra falar - simplesmente sou capaz de roer uns 100 numa sentada só. Exageros à parte, essa fruta-símbolo do Cerrado brasileiro é figura certa na culinária goiana e mineira - aparece misturada no arroz, no frango e, dizem, até no pão de queijo. Tem sido pesquisada e deve ser colocada à venda, se já não o foram, cápsulas de óleo de pequi como um nutracêutico – produto nutricional com substâncias terapêuticas.
a fruta é grande, de casca verde e grossa, polpa amarela e caroço cheio de espinhos
I love pequi 'to much' no arroz, no frango ... Só não dá pra roer o caroço
A polpa da murici pode ser utilizada na preparação de sucos, sorvetes, vinhos e licores. Uma curiosidade: alguns pesquisadores acreditam que o murici foi a fruta encontrada na Bahia pelo padre viajante Gabriel Soares de Sousa na metade do século 16. Em sua descrição, informa que se tratava de árvore pequena e muito seca que, nascendo em terras fracas, fornecia frutas amarelas e moles, menores do que as cerejas, comestíveis e de sabor e cheiro semelhantes aos do "queijo de Alentejo".
Tem um 'bocadim' logo ali embaixo aqui na roça.
Murici é uma fruteira arbustiva
murici-rosa - esse é mais 'bonitim'
Outra frutinha do Cerrado que merece ser lembrada é mama-cadela (também fruto de um arbusto), também conhecida como algodão-do-campo. Indicada para bronquites, gripes, má-circulação do sangue, pele despegmentadas pelo vitiligo ou por outras manchas,úlcera gástrica,resfriados. Quando eu digo que a cura para todos os males está no Cerrado ...
Taí ela entre meus dedos de tão pequena - a amarela mama-cadela
Já falei das minhas acerolas? Pois é, tem também
O ipê é muito utilizado em projetos de paisagismo. Sabe-se que, quanto mais intenso e seco o inverno, posteriormente, na primavera, mais intensa será a quantidade das flores nos galhos.
Ipê amarelo - o mais comum deles - a cor dourada do Brasil
Ipê branco
Ipê roxo
Para enfeitar ainda mais o Cerradão, temos o Flamboyant - também conhecida por flor-do-paraíso. É de origem francesa, mas adaptou-se muito bem ao clima tropical.
Sucupira - madeira de lei
Agora, a sucupira - o chá de sucupira (receita e informações extraídas do site Mundo das tribos) é usado para combater a úlcera, gastrite, ácido úrico, aftas, amidalite, artrite, artrose, asma, blenorragia, dermatoses, dor espasmódica, diabete, ronquidão, sífilis, hemorragias, vermes intestinais, além disso, é anticancerígeno e combate as inflamações no útero e no ovário. E mais, é excelente para articulação.
Com tantos benefícios o ideal é saber preparar o chá de sucupira, veja: Você tem que lavar bem as sementes e quebrá-las, usar 4 sementes para cada litro de água. Deixe ferver por 10 minutos. Após esfriar conserve na geladeira. Você deve beber assim como você bebe água.
'MaRmenino', se isso for verdade, essa sementinha é a salvação para quase todos os males do mundo!
A peroba do campo tem casca amarga e é tida na medicina popular como tônica. A madeira, dura e resistente, é usada na construção civil. Nem preciso mencionar a ameaça que sofre, né?
Peroba do Campo - madeira de primeira qualidade
O baru está ameaçado de extinção em função da procura pela madeira e pelo nível de desmatamento do Cerrado. Como poderia ser diferente com tanto descaso? O corte indiscriminado do baru ocorre para fabricação de carvão vegetal, instalação de cercas (moirões), indústria moveleira, construção civi, etc. É árvore de grande porte chegando a medir 25 metros de altura, podendo atingir 70 cm de diâmetro com vida útil em torno de 60 anos. Seus primeiros frutos vem depois de 6 anos. Tem crescimento rápido.
Pé de Baru plantado no ínício do ano
castanha do baru
Quando crescer vai ficar assim
Não posso esquecer de mencionar o pau-terra - Esse se encontra facilmente por todo o Cerrado e aqui na roça não poderia ser diferente. Tem suas cascas, entrecascas e folhas usadas como adstringente, anti-diarréico e para limpeza de úlceras externas e também contra inflamações. Abaixo, a foto de um que foi atingido por um raio essa semana e, pelo que sei, logo secará até morrer, infelizmente ...
Pode-se ver a ferida causada pelo raio ...
Aqui na roça, um velho carro de boi descansa embaixo de um pau-terra. À esquerda, mais um pé de pequi \o/
E por aí vai ...
Pra terminar, uma musica em cima de madeira - Bem leve (Marisa Monte)