segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Frango Caipira "Pirapora" com Pequi


          As árvores do Cerrado são tortas como alguns caminhos e tem a casca grossa, na sua maioria, para suportar as queimadas na seca e outras coisitas do dia a dia. As árvores do Cerrado são lindas sejam verdes ou sejam cinzas. Essa daí é daqui, escora outra, dá pequi e deu inté cupim ... #AkiNaRoçaÉAssim

          E por falar em pequi, estamos em plena temporada de. Já postei há um tempo uma receita desse fruto saboroso e afrodisíaco característico do nosso Cerrado: o arroz com pequi. Hoje vou de "frango caipira com pequi". Mas tem que ser um frango caipira "pirapora" messsssssmo porque só esse frango é que é 'bão' de verdade "bsoluta" e verdadeira (rs).
O Dono da Roça é quem escolhe, pega e ... (snif)

           Pois bem, anotem aí os ingredientes:

- 1 frango caipira "inteirim" "limpim" e aos pedaços;
- Pequi - uns 20 (rs)
- óleo de canola para refogar (2 a 4 colheres);
- 1 cebola grande e picada;
- 5 dentes de alho amassados;
- pimenta de cheiro (a gosto);
- pimenta moída (1/2 colher);
- açafrão (1/2 colher);
- cheiro verde e cebolinha
- sal a gosto;
- água para cozimento.

Preparo:

          Coloque o oleo em uma panela grande, acrescente o frango temperado no sal, na pimenta moída e no açafrão e refogue-o até que fique dourado. Vá acrescentando a cebola, o alho, a pimenta de cheiro. Coloque o pequi doure mais um pouco. Daí, coloque água (1/2 litro mais ou menos), cozinhe até que a carne do frango fique macia. Depois de pronto, coloque o cheiro verde e sirva-se primeiro que todo mundo "causidiquÊ" se for "adespois" num vai sobrar nem um "tiquim".  Inté!

Oh, delícia!



terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Rabo de boi é "bão"


           Coisa corriqueira depois que vim morar mais na roça que na cidade é me aventurar na cozinha fazendo algo típico da gastronomia, digamos assim, “roceira”. O pequi é comum por essa época aqui. Então, já fui à exaustão: arroz com pequi, frango caipira com pequi, pequi com carne moída, pequi purim ... Enchi! Nos doces: arroz doce, bolos de fubá, mandioca ... , a goiabada em calda, a bananada, pudim de pão caramelado e outros “ados” ...
A gente vai tomando gosto e querendo aprender a fazer coisas mais rebuscadas e difíceis para no fim das contas ouvir um: muito bem! Tá aprendendo, hein? Bem-vinda à roça! Evidentemente, que nem sempre a gente acerta e, aí, é zoação. Devo aqui confessar que erro muuuuuuito. Mas faz paRte, afinal, como costumo dizer, quem não se joga não aprende a voaR nem a meRgulhar.
           Assim, dia desses, inventei de fazer uma rabada ao vinho tinto. Marrapá, respeite que a ‘bicha’ ficou boa, viu!
 
'Reza a lenda' que é um prato típico da culinária européia. Depois das touradas, na Espanha, fazia-se um cozido do rabo do boi morto na arena. Em Portugal é mais comum a sopa do rabo do boi. Na Inglaterra é "oxtail soup" que, pelo nome, também é sopa. No Brasil impera o guisado e o hábito de se comer rabada surgiu primeiramente nas áreas de criação de gado primeiramente no Nordeste - Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e, também, no Piauí. O fato é que caiu no gosto popular e no Brasil a rabada já não existe sem o angú e o agrião.
E como o que é ‘bão’ a gente compartilha, segue a receita do trem:

Ingredientes:

- 1 rabo de boi (mais ou menos 1 kg, 1,5 kg);

- azeite para refogar  (vai aí uns 150 ml);

- farinha de trigo peneirada (mais ou menos 1 xícara);

- cebola (umas duas de médias para grandes);

- alho (no mínimo uma cabeça grande);

- 3 a 4 tomates;

- alecrim (uma porçãozinha);

- coentro e cebolinha (bem picadinhos);
- pimentão;

- agrião (nessa receita via pra decorar o prato);

- 1 vinho tinto seco (daquele que cabe no seu bolso);

- 1 cálice de cachaça (para misturar à água que vai aferventar o rabo);

 - sal e pimenta a gosto.

Modo de fazer:

1º passo: aferventar o rabo (em água que dê para cobrir todo o rabo junto com um cálice de vinho) pra tirar o excesso de gordura e, assim, dar uma limpada melhor.

2º passo: depois de escoar, tempere com sal e pimenta moída na hora. Passe na farinha de trigo e refogue no azeite (já na panela de pressão).

3º passo: vá juntando os demais temperos no refogado: cebola, alho, tomate, alecrim, coentro e cebolinha.

4º passo: acrescente o litro de vinho e tampe a panela de pressão. Daí, é deixar cozinhar por uns 40 minutos (o trem é duro).

Para acompanhar, fiz uma polenta ao leite que é muito mais macia, mas muito mesmo, que a polenta convencional. Fiz assim meio no olho sem muita medição:

          - 2 copos de fubá pré-cozido ou preparado para polenta;

 
 - 1 cubo e meio de caldo de carne industrializado dissolvidos num pouco de água quente;

- 4 copos de leite; 

           - 1 colher, das de sopa, bem cheia de manteiga ou azeite.

            Se você gosta da polenta mais lisinha e mole, aumente os líquidos ou diminua o fubá.

            Coloque o caldo e o leite em uma panela alta e espere ferver. Vá acrescentando a manteiga e, assim que ela derreter, junte o fubá aos poucos e mexa bem com um batedor de arame de preferência para não empelotar.
Mexa até o creme engrossar e começar a desgrudar do fundo da panela (uns 30 minutos).

             Desligue o fogo, claro (dã).

Essa é a de um "chef"
 
  Na hora de servir, cubra o fundo de um prato com a polenta e coloque uma bela porção de rabada por cima, caprichando no molho de vinho... Decore com folhinhas de agrião, se tiver; eu não tinha. (Putz! Como fez falta na decoração do prato ...). Aliás, não usei batatas também, mas essas podem ser adicionadas ao guisado quando ele estiver pronto e cozinhar um pouco para não despedaçar ou, ainda fazê-las à parte com agrião. Bom, acho que é isso. Seja feliz!
Foi assim que ficou o meu
 
Se ocê olhaR bem lá no fundo do molho no prato vai encontraR um veRde musgo (rs)


 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Asas

             - Quando eu era menino, isso aqui, para onde quer que se olhe, era um bando  após outro em revoada. Parecia uma sinfonia de pássaros. Diz o dono da roça toda vez que a gente pega a tropa para explorar o Cerrado nos arredores.

Imagino mesmo que devia ser desse jeito. E olha que nem faz tanto tempo assim.  Estão se extinguindo por toda a parte mesmo. Não vou dizer que não tenha ainda uma grande quantidade e variedade de pássaros aqui na roça, pras bandas desse Cerrado goiano. Não! Até que é comum ainda acordamos com o canto das seriemas, por exemplo, bem-te-vis, pintassilgos, mas, de fato, a gente não consegue, na maioria das vezes, enxergá-los. E como alegram a nossa vida! 

Bem que tento fotografar alguns, como os pica-paus, mas ainda não me deram o privilégio de posar pra minha lente. É uma pena! Consegui fotografar certa vez essa ararinha da foto e alguns tucanos.

Algo, inclusive, que invejo é ver alguém ouvir um canto de um pássaro e saber distinguir na hora qual é ele ou, ainda e mais ainda, saber imitar seu canto. Isso é o máximo!

Os pássaros mais comuns no Cerrado goiano são: Tico-tico-rei-cinza, Gavião-carijó (esse adora comer meus pintinhos), Bentevizinho-de-penacho-vermelho, Tesoura-do-brejo, Beija-flor-tesoura, Quiriquiri, Pássaro-preto, Savi e Sanhaçu-cinzento, entre outros, claro.
Alma-de-gato (Crocoió)

Bentevizinho-de-penacho-vermelho


Tico-tico-rei-cinza


Sovi
 
 
 


Pássaro-preto

            Quem já me leu sabe que, além de escrevinhar vez por outra nesse “humiRde” blog, também gosto de compor umas modas e cantar sobre a vida na roça e outras aventuranças. Segue uma que fiz em parceria com painho (Esmeraldo Mendes Braga) com o tema aqui, acolá, recorrente: os passarinhos.

Lembrando a máxima de um clássico: no peito do desafinado também bate um coração, segue a canção Asas na voz e violão da roceira desafinada, mas apaixonada aqui. Inté!
 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O Bagaço da Laranja


      
 
       As frutas cítricas, de uma maneira geral, são ricas em vitamina C e fibras. A laranja é uma dessas que, também, além do alto teor de água, tem baixo teor calórico, é rica em ácido fólico, potássio e magnésio.

       O bagaço? Pois bem, nele está a pectina, que diminui a assimilação de gorduras, combate doenças e, o que é melhor, tem zero de caloria. A parte branca entre os gomos de uma laranja pode ser até mais preciosa que o sumo. Também contém pectina, uma fibra solúvel que, no intestino, vira uma espécie de gel que emagrece e faz bem para a saúde. É assim: quando o tal gel se forma, é capaz de diminuir a assimilação de açúcares e gorduras e também impedir a reabsorção do colesterol. Mais: além de ajudar a combater a taxa de LDL (colesterol ruim), a pectina é benéfica até para quem tem diabete, já que controla a taxa de glicose no sangue. O bagaço é, assim, ótimo para as paredes do intestino, pois desintoxica.
 
      Por isso, cada vez que comemos o bagaço da laranja estamos aproveitando o que há de melhor na fruta. A fibra encontrada nele é uma espécie de ‘detergente’ para o organismo, já que promove uma eficiente varredura retirando metais e toxinas (provenientes tanto de frutas e verduras com agrotóxicos como de poluentes) indesejáveis no corpo. O bagaço ainda ajuda na digestão dos alimentos gordurosos, favorecendo o trabalho dos intestinos grosso e delgado. Então, será por isso que a laranja sempre acompanha feijoadas e churrascos? Exatamente!

       Da laranja se aproveita é TUDO! A casca? A casca da laranja (descascada sem a parte branca e seca naturalmente) pode ser utilizada para condimentar biscoitos, bolos e fazer chá. A parte branca deve ser ingerida comendo-a junto com a fruta pois também tem fibras e ajuda a absorver melhor a vitamina C da fruta. As sementes você separa e planta nos canteiros ou no seu jardim ou no fundo do seu quintal ou no seu sítio ou na sua roça. Plante!
 
       Descolei uma receita maravilhosa de um bolo feito com o bagaço da laranja. Seguem a receita e o modo de prepara-la:
 
Ingredientes:
- 3 ovos;
- 1 xícara de chá de óleo;
- 1 xícara de chá de açúcar;
- 2 xícaras de farinha de trigo;
- 1 colher de sopa de fermento em pó;
- 1 laranja inteira, INTEIRA, picada com casca e bagaço (só sem as sementes).
 
Modo de preparo:
Bata no liquidificador a laranja, os ovos, o óleo e o açúcar. Numa tigela, misture o fermento à farinha e, daí, misture todo o conteúdo do liquidificador mexendo cuidadosamente e sem bater. Coloque tudo numa forma untada e devidamente enfarinhada e leve ao forno preaquecido para assar por, mais ou menos, 30 minutos. Pronto!
       Então, 'mofi', se lhe sobrar apenas o bagaço da laranja, não vá chorar nem ranger os dentes. Agradeça e aprenda a fazer bom uso desse para se fortalecer, ficar saudável, magro(a) e lindo(a).

       Por isso que gosto da roça, respiro roça e canto a roça como quem canta sua aldeia: ela até pode não ter tudo, mas tem, além de laranja, tudo que gosto e preciso, só que muito mais. Apenas não me confoRmo de ter desprezado a laranja na canção abaixo. Snif!




 

 

 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Forró "For All"

       Dança típica da Região Nordeste do nosso país e especialmente apreciada nas festas juninas, o forró é uma espécie de associação de vários ritmos, como quadrilha, xote, baião, xaxado, tocados tradicionalmente pelo trio: sanfona, zabumba e triângulo. Esse forró se tornou um fenômeno popular devido às canções na voz de Luiz Gonzaga, o Gonzagão (que até hoje é reverenciado), na década de 50, e, não podemos esquecer, por conta também da imigração de inúmeros nordestinos para diversas regiões do país.

      Quanto à expressão – forró – não há consenso. Há quem diga que vem do inglês “for all” (para todos), o que é facilmente descartado pela história, e há quem defenda de forma substancial, como o filólogo pernambucano Evanildo Bechara, que é uma variante do antigo galego-português forbodó, relacionando o termo a farbodão, do francês faux-bourdon. E por aí vai.

      Sem entrar no mérito dessa questão nem ir muito além do forró tradicional, o chamado pé-de-serra (meu preferido), a temporada de forró está aberta Brasil afora que, geralmente, vai do mês de junho a meados do mês de agosto. E, claro, que tanto aqui na roça, como nas roças e arraiais vizinhos, povão se junta com frequência para os arrasta-pés, bate-chinelas, fobós, forrobodós, quadrilhas.
 
       Segue aí a letra e o vídeo de um forrozim dos bão pr’ocês de autoria da “humiRde” compositora aqui. “Óia a cobra! É mentira, Zé.”

 
NA COR BRASIL

HOJE QUERO DANÇAR FORRÓ À LUZ DO CANDEEIRO

ALUMIA AQUI, ALUMIA ALI, ALUMIA ESSE TERREIRO

DEIXA A POEIRA SUBIR E SUOR NA PELE É TEMPERO

QUERO UM SANFONEIRO MULATO

UM ZABUMBISTA BRANCO, UM PANDEIRISTA CAFUSADO

NO RITMO BRASILEIRO: QUADRILHA, XOTE, BAIÃO, XAXADO

 (VEM, VEM)

VEM PRO TERREIRO, VEM DANÇAR A MAIS DE MIL

MISTURAR SUOR E POEIRA NA COR BRASIL

 NO CHÃO DE PURO BARRO

FORRÓ É BOM QUENTE FEITO BRASA

ATÉ NASCER O SOL ALUMIANDO O CAMINHO DE CASA
 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Só "riNU" mesmo


       O mexerico também existe na roça. Opa, e como! Mas, graças a Deus, na sua maioria (o que quer dizer nem sempre), não são fuxicos do tipo incendiar uma plantação.
      Soubemos, por exemplo, que na roça vizinha (uns dois quilômetros pra baixo daqui) Fulano foi demitido por causa de Siclana que negou um pé de coentro para Beltrano. Vale explicar que Beltrano é patrão de Fulano que, por sua vez, é casado, junto, amigado, com Siclana.
      Daí, que eu digo: à frente de um fulano quaRqué tem sempre uma siclana que mal lhe queR. Ah, quem nos contou foi o próprio Fulano a chorar sem saber o que fazer com a escadinha de pequenos (penca de cinco) de bocas abertas a lhe esperar em casa. É, a vida seria mais fácil se num fosse difícil.
      Moral da estória: não vá dormir com o inimigo(a) que ocê vai se dar mal. Batata!

      E por falar em batata, segue uma receita muito apreciada aqui na roça, mais por mim, evidentemente, por ser fácil, rápida e muito econômica - "batata gratinada".

Ingredientes:

  • 1 kg de batatas em rodelas grossas cozidas al dente com sal
  • 1 caixinha de creme de leite
  • 100 g de mussarela picada
  • Orégano e queijo ralado a gosto
  •  
    Modo de fazer:
     
    Coloque em um refratário untado as batatas, a mussarela, o creme de leite, o orégano e o queijo ralado. Leve para gratinar por 20 a 30 minutos. Pronto!
         
          "Inté" a próxima!

    sexta-feira, 14 de junho de 2013

    As "latas velhas" do meu amigo Kênio

                 Conheci o Kênio no colegial. Ele dirigia um velho fusca branco no qual, da roça, iam ele e todos os irmãos estudar na cidade. Fazia parte da ala dos rapazes mais velhos e mais lindos do colégio e as meninas mais lindas e mais populares ele namorou, menos eu “causidiquê” preferia seu irmão mais novo na época (risos altos). Lembro-me bem do quanto ele era divertido e bom de prosa e péssimo em matemática.
    Se esse Fusca falasse ...
    Kênio (Menudo) e seus cinco irmãos. O escondidinho ali atrás era o meu amor platônico
                O tempo passou, perdi contato com quase todos, se não todos, aqueles colegas de infância e só vim lhe reencontrar um bom tempo depois, em 2003, quando fui apresentada à sua família por um primo seu (dele), que morava em Goiânia, com que eu estava namorando e com quem hoje sou casada (o famoso e felizardo Dono da Roça). Vejam só vocês as peripécias e/ou presepadas dessa vida!

    Quando lhe vi (o Kênio), quase caí para trás – nada daquele cara bonitão, bem cuidado, cheiroso, sorriso farto e cheio de dente, etc e tal das minhas lembranças ... Casou-se (a priori, porque engravidou a moça, pelo que me contaram), teve filhos (três) e tem uma neta. Se acidentou, ficou quase aleijado (é meio manco até hoje e penso que por isso requereu aposentadoria tão jovem na época, pelo que sei, quarenta e poucos anos), não bebe mais (mas já bebeu MUITO), mas fuma (muito), perdeu os dentes ... Enfim, só vendo para crer como e no quê meu amigo galã de cinema se transformou. Eis, digo, ei-lo ...
    E eu perguntei: -"Kênio, mofi, o que aconteceu c'ocê?" Ele apenas me sorriu ...
    Assim, de perfil, lembra aquele ator de Hollywooooooood. Aquele ... é ... Ah, aquele.
               Mais vale um sorriso amarelo que a tristeza de ser um banguela? Pode ser. A vida não lhe foi muito generosa? Talvez. Culpa só dele? Num sei. Espero que ele não se zangue comigo por causa de minhas observações caso, evidentemente, a inscrição feita no Lata Velha seja escolhida e divulgada pelo Caldeirão do Huck. Aliás, eu já deveria ter inscrito há tempos. Mas, enfim, como pra tudo há um tempo debaixo do Sol e enquanto houver vida há esperança, fui e fiz a inscrição dele pelo site do programa: http://tvg.globo.com/programas/caldeirao-do-huck/

               Ele dirige, hoje, um Scort 1985, caído aos pedaços, estado de conservação só Deus na causa e/ou o Lata Velha do Caldeirão do Huck (como pode se ver nas fotos abaixo). Nele, ele faz o transporte da família, bem como de todos os “trem” da roça que colhe (hortifrutigranjeiros) pra vender na feira do “arraiaR vizim”, onde tem uma humilde banca.

    de ladim
    De frente
    de banda
    "discosta"
    Kênio - bem ali, depois da porteira no final da curva da estrada

    
    Tia Aurora e o saudoso tio Zé

    Conversando com sua mãe, Dona Aurora (já falei dela num outro post, a quem também chamo carinhosamente de "tia"), viúva do Seu Zé (pai de toda a prole), ela me contou que tem um outro carro na família, inclusive, com muito mais histórias. Reza a lenda que o filho mais velho do Kênio, por exemplo, foi feito nele. Trata-se de um Chevrolet C10, 73, amarelo. Esse carro, apelidado de "lacraia amarela", até lhe seria mais útil na lida do dia a dia da roça para a feira na cidade, mas faz parte do espólio da família e, embora haja a intenção, seus irmãos não assinaram um documento abrindo mão dos direitos em favor do Kênio. Então, achei por bem escrever pro Lata Velha sugerindo uma repaginada no velho e bom Ford ScoRt mesmo.
    
    Não fala, não anda, é surda e muda, mas o que tem de história essa "Lacraia" ...

    Ó a situação, misericórdia!

    "SafadEnho"
    Bom, depois de tudo dito e exposto, penso que num preciso nem dizer que, seja qual for dessas 'latas velhas' a contemplada, nunca antes em toda a história do Lata Velha existiu uma lata velha tão precisada do Lata Velha quanto uma dessas latas velhas.
    
    Kênio, mulher e filhos
    Assim, vem, gente, Luciano e cia! O Kênio e sua família esperam vocês com um café coado e passado na hora e um bolinho de fubá de lamber os beiços pedindo bis.
     

    quarta-feira, 22 de maio de 2013

    Antigamente Era Assim


    Jorge e Regina
    Havia cartas de amor. Pedidos em casamento ao pai da moça.
    Tinha serenatas quando a noite já ia alta. Moda de viola legítima, mora?
    Existiam beijos guardados em desejos secretos para talvez, quem sabe, algum dia.
    Mãos em suor, rubor, olhares que se namoravam na sala. Havia! Tinha! Existia!
    Eu mesma encontrei guardadas duas cartas – uma: um pedido; outra: uma resposta.
    Coisa mais linda e rara de se ver, digo, não se vê mais agora.
    Um Jorge pede em namoro uma Regina ao seu pai, Sr. Sebastião.
    Seguem aí as cartas graças à tecnologia. Bão!
    O pedido

    A resposta
    Nenhum dos dois, ou melhor, dos três, estão mais aqui, mas sabe-se que se casaram (os dois: Jorge e regina), tiveram três filhos que já tem filhos e, esses, outros filhos ... E por aí vai.

    quinta-feira, 16 de maio de 2013

    Bonitinho


     
    Quando eu era de menor, “causidiquê” pequena nunca fui
    Costumava desenhar uma casa
    Com chaminé, porta, cortinas numa janela aberta
    Árvores, uma rede com uma pessoa deitada nessa.
     
    Vales, montanhas, Sol e grama verde.
    Já de maior, vim morar numa roça.
    E tem gente que diz que a vida não é engraçada.
    Pode até não sê-la, mas, daí, a culpa é nossa.
     

    sexta-feira, 5 de abril de 2013

    Por ali, por acolá ...

    
    Coisa que gosto de fazer quando ando pelo Cerrado, de preferência montando a minha mulinha Magia, é observar suas árvores. Costumam ser tortas, retorcidas, galhudas, crespas, de troncos sinuosos, cascas grossas. São assanhadas, de um jeito largado como quem acabou de acordar ou como quem passa o dia na lida debaixo de um Sol escaldante.
    fim do dia aqui na roça
     A vegetação do Cerrado é assim, bem semelhante à da savana. Catalogadas, quase 12 mil espécies de plantas, distribuídas em cerca de 1400 gêneros e 170 famílias.
     
     



     
    Paisagem que pesquei entre Pirenópolis e Brasília

    Lembrando que o Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro e já se estendeu por uma área de cerca de 2 milhões de km², que por intervenção humana no ecossistema e descaso com a natureza, são hoje, dizem pesquisas recentes e eu acredito, aproximadamente só 800 mil km². Abrange os estados da região Centro-Oeste do Brasil: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal, além do sul do Pará e Maranhão, interior de Tocantins, oeste da Bahia e Minhas Gerais e norte de São Paulo.

    
    Foto que tirei na época seca ano passado
    As árvores do Cerrado tem seus caules retorcidos e raízes mais longas (que podem chegar a 10, 15 ou até 20 metros de profundidade)  justamente para que seja possível  a absorção da água  disponível nos solos do cerrado. Assim,  mesmo durante a estação seca do inverno que, na maioria da vezes, costuma ser rigorosa, as raízes dessas árvores podem alcançar camadas de solo permanentemente úmidas. Natureza é sábia, minha gente!
    







    Pé de Pequi majestoso na entrada da roça - para mim, o retrato do Cerrado toRto e casca grossa

    

    Não pretendo criar aqui nenhuma enciclopédia ou catálogo das espécies de árvores do Cerrado, mesmo porque num sou entendida para isso. Entendo só de ver, achar bonito, apreciar, pesquisar "quaRqué" coisa a respeito. Assim, as fotos desse post são apenas algumas das árvores que esbarro por aqui quase que diariamente, o que, por si só, já é um privilégio. Algumas fotos são do meu arquivo 'pescadas' por aqui, por acolá, outras busquei na net.
     
    Angico gigante aqui da roça - madeira nobre
    De acordo com o mestre em botânica e pesquisador científico Eduardo Luís Catharino, a casca amarga do Angico pode ser antidesintérica e útil na cura de úlceras. É expectorante energético e com várias aplicações medicinais.

    Uma enciclopédia livre diz que o fruto do jatobá é um legume de casca bastante dura. Cada legume costuma ter duas sementes e é preenchido por um pó amarelado de forte cheiro, comestível, com grande concentração de ferro, indicado para anemias crônicas. Doces feitos com esta farinha eram muito comuns até o século XIX. Sua madeira é empregada na construção civil em vigas, caibros, ripas, acabamentos internos, etc.
    Te cuida, Jatobá!
     
    Jatobá - árvore com frutos duros
    


    O buriti é considerado uma das palmeiras mais importantes. Além de ser muito ornamental, a polpa do fruto fornece óleo comestível e é consumida pelas populações locais, geralmente na forma de doces.
     Buriti - na língua indígena: árvore da vida
     
    Da cagaita posso falar que é um fruto saborosíssimo, azedo e doce, de dar água na boca, rico em vitamina C e é antioxidante. Só recomendo não abusar pois é uma fruta que faz jus ao nome, principalmente se estiver quente, ao Sol. Não preciso desenhar, né? Agora, o engraçado é que suas folhas tem efeito contrário preparadas em infusão. "IncríveR"! O picolé ou sorvete é delicioso e podem ser encontrados em sorveterias com sabores do Cerrado. Recomendo.
     

    
    Essa fruta araticum é consumida principalmente in natura, mas sua polpa serve como ingrediente para sucos e refrescos.  In natura confesso que não gosto muito. O sabor é muito forte e exótico pro meu paladar, mas conheço meio mundo de gente que adora.
     
     
    Araticum
     
    O que falar da mangaba? Pra começar, a palavra mangaba é de origem indígena e significa coisa boa de comer. Quando era de menor, 'causidiquê' pequena nunca fui, mainha fazia suco de mangaba. Penso que melhor não existe, não. Para controle de diabetes, colesterol e hipertensão, recomenda-se o chá da casca para ser tomado de 2 a 3 vezes ao dia: 2 colheres de sopa (da casca) para meio litro de água. Deixe cozinhar por 8 - 10 minutos a partir do momento em que se inicia a ebulição, após esse tempo, retire do fogo e deixe repousando, tampada, por 10 minutos. Coe e está pronto para o uso. Pode-se beber gelado. 
     
     
    Mangaba - pense num suco 'bão'
     
     
     Pequi
    Do pequi, sou suspeita pra falar - simplesmente sou capaz de roer uns 100 numa sentada só. Exageros à parte, essa fruta-símbolo do Cerrado brasileiro é figura certa na culinária goiana e mineira - aparece misturada no arroz, no frango e, dizem, até no pão de queijo. Tem sido pesquisada e deve ser colocada à venda, se já não o foram, cápsulas de óleo de pequi como um nutracêutico – produto nutricional com substâncias terapêuticas.
     
    a fruta é grande, de casca verde e grossa, polpa amarela e caroço cheio de espinhos
     
    I love pequi 'to much' no arroz, no frango ... Só não dá pra roer o caroço

    A polpa da murici pode ser utilizada na preparação de sucos, sorvetes, vinhos e licores. Uma curiosidade: alguns pesquisadores acreditam que o murici foi a fruta encontrada na Bahia pelo padre viajante Gabriel Soares de Sousa na metade do século 16. Em sua descrição, informa que se tratava de árvore pequena e muito seca que, nascendo em terras fracas, fornecia frutas amarelas e moles, menores do que as cerejas, comestíveis e de sabor e cheiro semelhantes aos do "queijo de Alentejo".
     
    Tem um 'bocadim' logo ali embaixo aqui na roça.
    Murici é uma fruteira arbustiva
    murici-rosa - esse é mais 'bonitim'
    Outra frutinha do Cerrado que merece ser lembrada é mama-cadela (também fruto de um arbusto), também conhecida como algodão-do-campo. Indicada para bronquites, gripes, má-circulação do sangue, pele despegmentadas pelo vitiligo ou por outras manchas,úlcera gástrica,resfriados. Quando eu digo que a cura para todos os males está no Cerrado ...
    Taí ela entre meus dedos de tão pequena - a amarela mama-cadela
    Já falei das minhas acerolas? Pois é, tem também
     
     
    O ipê é muito utilizado em projetos de paisagismo. Sabe-se que, quanto mais intenso e seco o inverno, posteriormente, na primavera, mais intensa será a quantidade das flores nos galhos.
    Ipê amarelo - o mais comum deles - a cor dourada do Brasil
    

    Ipê branco
     
    Ipê roxo

    

    Para enfeitar ainda mais o Cerradão, temos o Flamboyant - também conhecida por flor-do-paraíso. É de origem francesa, mas adaptou-se muito bem ao clima tropical.



    
    Sucupira - madeira de lei

    Agora, a sucupira - o chá de sucupira (receita e informações extraídas do site Mundo das tribos) é usado para combater a úlcera, gastrite, ácido úrico, aftas, amidalite, artrite, artrose, asma, blenorragia, dermatoses, dor espasmódica, diabete, ronquidão, sífilis, hemorragias, vermes intestinais, além disso, é anticancerígeno e combate as inflamações no útero e no ovário. E mais, é excelente para articulação.
     
    Com tantos benefícios o ideal é saber preparar o chá de sucupira, veja: Você tem que lavar bem as sementes e quebrá-las, usar 4 sementes para cada litro de água. Deixe ferver por 10 minutos. Após esfriar conserve na geladeira. Você deve beber assim como você bebe água.
    

    'MaRmenino', se isso for verdade, essa sementinha é a salvação para quase todos os males do mundo!

     
    
     A peroba do campo tem casca amarga e é tida na medicina popular como tônica. A madeira, dura e resistente, é usada na construção civil. Nem preciso mencionar a ameaça que sofre, né?
     

    
    Peroba do Campo - madeira de primeira qualidade

    O baru está ameaçado de extinção em função da procura pela madeira e pelo nível de desmatamento do Cerrado. Como poderia ser diferente com tanto descaso? O corte indiscriminado do baru ocorre para fabricação de carvão vegetal, instalação de cercas (moirões), indústria moveleira, construção civi, etc. É árvore de grande porte chegando a medir 25 metros de altura, podendo atingir 70 cm de diâmetro com vida útil em torno de 60 anos. Seus primeiros frutos vem depois de 6 anos. Tem crescimento rápido.  
    Pé de Baru plantado no ínício do ano
    castanha do baru


    
    Quando crescer vai ficar assim
    Não posso esquecer de mencionar o pau-terra  - Esse se encontra facilmente por todo o Cerrado e aqui na roça não poderia ser diferente. Tem suas cascas, entrecascas e folhas usadas como adstringente, anti-diarréico e para limpeza de úlceras externas e também contra inflamações. Abaixo, a foto de um que foi atingido por um raio essa semana e, pelo que sei, logo secará até morrer, infelizmente ...
     
    Pode-se ver a ferida causada pelo raio ...
     
    Aqui na roça, um velho carro de boi descansa embaixo de um pau-terra. À esquerda, mais um pé de pequi \o/
     
    E por aí vai ... 
     
    Pra terminar, uma musica em cima de madeira - Bem leve (Marisa Monte)