Reza a lenda, aqui na roça, que pras bandas de lá da cancela havia um velho cujo nome ninguém sabia, mas se temia ainda assim. Chamavam-no de O Louco apenas ou de O LoucoVelho da Campina. Vivia solitário desde que se foi a companheira, muito embora isso ele não admitia.
No dia em que eu amanhecer com a “avó atrás do toco”, dizia, então, O Velho da Campina, não ficará um pé de pé pra contar história. Antes eu a você a meter o machado ou a serra na mata do meu quintal, onde nasci e cresci nu e descalço correndo por e para onde o vento dissesse – vem!
Os bichos daqui, ainda dizia o Velho da Campina, tem nome e morrem, na sua maioria, de velhos, como eu um dia e a cada dia mais perto. Minha ‘Velha’ ainda deita-se, em sua majestade, vestindo seu vestido de chita em flôres e azul sob uma rede de algodão cru armada no alpendre. Às tardes de domingo, servimo-nos, os dois, com bolo de fubá, uma xícara de café ou chá e esse “cadin” de mata cada vez menor, bem mais pra cá de onde a vista alcança. Ficamos os dois abraçados a embalar os sonhos vividos, os filhos feitos, os netos crescidos, os lugares idos... E tudo sem falar a maior parte do tempo porque de palavras não carecemos, não. Não mais ...
Mas “no dia em que eu amanhecer com a avó atrás do toco”, você pensará duas vezes antes de querer ir além da sua cancela e tocar-se pros lados da minha, pois, e pensando melhor, não serão os pés do meu quintal, esses que ainda estão de pé, que não viverão pra contar história.
Não se via o tal 'Velho' nos vizinhos de porteira nem na vila mais próxima, sequer na igreja. Vivia do que sua terra lhe dava - sua maior riqueza. Encontraram, certo dia, O Retrato (seu cavalo) ao léu. Encontraram-no depois, O Velho, dormindo, olhando pro Céu, pra não mais acordar por essas bandas.
Bela história : ) Parabéns!
ResponderExcluirBeijão
Ricardo
Gostei da história, medo dessa avó rsrs
ResponderExcluirDeu saudade da roça.
Beijo!
Gostei da história.Saudade de ir a uma fazenda e parabéns pelo blog.Muito sucesso
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